“Os Homens Além do Muro: sexo, verdades e apps” é o título de minha coluna de estreia no site da Revista Zum. Nele comento o premiado documentário de Inés Moldalvsky, ganhador do Urso de Ouro na categoria curta-metragem em Berlim em 2018.

Os homens atrás do muro (The Men Behind The Wall, em inglês) da diretora israelense Inés Moldavsky (1990), foi o curta-metragem ganhador do Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2018. Documentário transmídia, cruza entrevistas feitas com homens de várias idades na Cisjordânia e conversas com rapazes de Gaza via internet. Todos os envolvidos no filme, exceto Inés, são palestinos. Todos foram contatados por aplicativos de relacionamento, como o Tinder e o OkCupid, com propostas de encontros sexuais casuais.

Outros filmes já utilizaram a internet na sua composição e transitaram em várias interfaces para compor uma narrativa. Basta lembrar, por exemplo, do filme 33 (2002), de Kiko Goifman, que combinava um diário on-line com um filme de detetive. Aliás, Goifman, junto com Claudia Priscilla, ganhou também neste ano um Leão de Ouro em Berlim, por Bixa Travesty. Mas o que particulariza o caso de Os homens atrás do muro é que aqui a internet é praticamente um dos participantes do filme. Opera como uma brecha de escape ao megabloqueio entre Israel e os territórios palestinos, o muro da Cisjordânia, que começou a ser construído há exatamente 15 anos.

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