livros de areia
Borges nos presenteou com um
conto sobre um livro mgico, O Livro de Areia. Um livro em que nunca se podia
voltar a pgina lida. Tratava-se do Livro dos Livros: o livro da leitura. Um livro que
poderia estar no bojo de um velho ensaio de Derrida, A Escritura e a Diferena, em
que o filsofo sonhava com uma prtica interpretativa elptica. Ela realizar-se-ia num
movimento onde a (re)passagem por todos os pontos do circuito de leitura, circunscreveria
um outro centro, alterando seu sentido. Esses sites parecem ambicionar uma escritura
nesses termos. No-lineares, eles reconfiguram a relao literatura/livro a partir da
prpria noo de volume.
My Boy Friend came back from thewar por Olia
Lialina (1997)
Um A Farwell to Arms revisitado. Primeiro
trabalho de impacto global da russa olia lialina, trata de uma relao de
reencontro/desencontro amoroso no ps-guerra. P/B e lindo.
Anna Karenin. por olia lialina (1997)
A viagem de Ana Karenina a procura de amor, de um trem e
do paraso. Um percurso feito por programas de busca, como Altavista e Yahoo
, onde a procura da palavra-chave destitui a linguagem de sentido.
No Memory
por Valry Brancher. (1997)
Afetividade contempornea em xeque nesta balada animada
sobre o amor e o desamor .Pouco a dizer, muito a ver.
After Emmet por Miekal
And (1997)
Com grades de trs frases, formadas por palavras de
trs letras, compostas cada uma por trs fontes diferentes, Miekal And constri uma
viagem hipntica em cinqenta em trs telas.
e v i d e n c e por Maya
Drozdz (1997)
Uma seguidora de Calvino resolve fazer uma narrativa
enciclopdica. Aqui, uma coleo de pequenos objetos funciona como o mapa da mina. A
trilha de uma histria que nunca contada. Enfim, uma obra de no-referncia.
Grammatron por Mark Amerika
(1997)
Crtico e curador de sites de cyberliterature, editor do
e-zine Alt X (www.altx.com) e autor da coluna Amerika
On Line da revista Telepolis (www.heine.de/tp),
Amerika tambm conferecista da Brown University e autor notvel. Grammatron foi o
trabalho que o consagrou. Trata-se de uma narrativa joyceana, onde tudo riverrun, que
discute a conscincia hipertextual como condio da contemporaneidade.
truth is a moving target por eddie redl (1998)
As verdades se impem na vertical e na horizontal. Os
sentidos se misturam, mudando a ordem das convices. Belssimo.
POEM By NARI AMERIKA por Ted Warnell
(org) (1998)
Bastidores em cena, modo de produo em foco. Uma
criao multiautoral feita por convidados e aberta a participao do pblico, onde o
piv de tudo o fluxo dos dados repensado em termos estticos.
Thats what keeps me down Conor McGarrigle
(1998)
Mais um episdio da srie Play-lets, conjunto de
mini-narrativas que mescla idias do psiclogo August Klein e memrias do artista
Arthur Doyle. Para navegar neste episdio, arraste o mouse freneticamente na janela que
aparece esquerda do seu monitor e embaralhe as imagens de Steve McQueen, Sid Vicious,
Che Guevara. Submerja entre cones ps-machos.
Holo-X por Mark Amerika (1998)
E se tem lugar para ps-macho, tem tambm para
ps-fmea. S.L.U.T, uma bonequinha concebida para navegao em Realidade Virtual, a
ncora de um passeio por inmeras "Jennifers", termo
que designa mulheres desejveis, modernas (muitas delas tem home page pessoal) e
extremamente medocres. cones mais da dificuldade de estabelecer um esteretipo da
condio feminina hoje, do que da prpria, um bom ponto de partida pensar (ou rir?)
nesse to alardeado cyberfeminismo...
Will-n-Testament
por olia lialina (1999)
Deusa da cyberliterature se desfaz de sua obra. O
contemplado do testamento acaba sendo o leitor, que ganha uma prola da literatura on
line. Uma pgina em branco que se revela aos poucos, iluminando o que mais caro e o
menos importante da obra da escritora.