Ouvir Imagens, 23/05/2019. Rádio USP

As boas exposições precisam ser vistas e revistas. É o caso de Taswir: a fotografia árabe contemporânea, que visitei, no último dia. Infelizmente, A maior parte das exposições fica pouco tempo em cartaz em São Paulo e isso faz com que seus registros se tornem um recurso precioso para ver (ou rever) os conteúdos expostos.

Taswir, que não está mais em cartaz, foi um acompanhada de um catálogo, à venda no Instituto Tomie Ohtake, e esse material dá uma boa ideia do que foi essa mostra.

A mostra reuniu 14 fotógrafos de várias regiões da África, Golfo Arábico e Oriente Médio. e apresentou imagens que nos colocam em contato com paisagens, territórios e posturas a um só tempo muito diferentes do que estamos acostumados a ver e com temáticas comuns no mundo contemporâneo, como o feminismo e o impacto da mineração na população.

Essa exposição me chamou muito a atenção porque rompia com os estereótipos do que se convencionou relacionar com o mundo árabe, muito centrados na experiência religiosa e nas guerras, a exposição aborda de forma singular o cotidiano dessa zona tão marcada pelos conflitos bélicos.

Jaber Al Azmeh e Roger Grasas

Destaco, nesse sentido a série “Fronteiras” do sírio Jaber Al Azme. Nas suas imagens, ambientadas em paisagens desérticas e ensolaradas, prevalecem o vazio e a dor dos processos migratórios e a força da luta pela sobrevivência.

Jaber Al Azmeh. Fronteiras – 2016

Com relação às temáticas comuns ao mundo globalizado, sobressaem-se as fotos de Roger Grasas, um artista catalão que vive entre Barcelona e Riad e que tem um site excelente, contemplando sua produção. Ele registra as transformações do modo vida que a globalização e as novas tecnologias trouxeram às cidades de países como a Arábia Saudita, o Catar e os Emirados árabes.

Roger Grasas, Min Turab (2007-20

São fotos absolutamente surpreendentes, como a do destaque deste post, com ângulos inusitados que incidem sobretudo na urbanização das paisagens desérticas. Ele assume, como diz, o ponto de vista do estranhamento, revelando um cenário em que se combinam os traços da herança tradicional do Islã com os espaços pós-modernos do mundo digital.

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