A relação entre arte e ciência na arte contemporânea é em geral associada às novas tecnologias e às mídias digitais. Porém essa parceria é um dos elementos chave para compreender as imagens técnicas em toda a sua diversidade. Um bom exemplo disso, é a exposição Maquinaria, de Marcelo Masagão, em exposição no Centro Universitário Maria Antonia, que combina dispositivos óticos e formas variadas de impressão e processamento das imagens, transformando pressupostos científicos em novas linguagens estéticas.
A mostra propõe um jogo de subversões entre os regimes de visão pré e pós-fotográficos. Um conjunto variado de máquinas de imagem, de matérias e de imaginações está em operação nessa exposição.
Dispositivos de captação de imagens de última geração, de drones a câmeras para visão em 360 graus, combinam-se a tecnologias que vão da tradicional azulejaria portuguesa aos populares panoramas oitocentistas. Tudo isso é sintetizado por processos de sublimação, impressões a jato de tinta e aplicação em suportes diversificados que vão da madeira ao plástico.
A mostra ocupa o Maria Antonia desde a área externa, propondo formas de percepção alternativas do entorno urbano e regimes visuais que demandam o toque, a interação com o mobiliário e a caminhada.
Essas ideias aparecem embutidas no próprio título da exposição, que tive a felicidade de assinar a curadoria.
Sem qualquer concessão à nostalgia e sem nenhum fetiche tecnomidiático, o que está em jogo nesta exposição são formas de ver o mundo e de estar na cidade. Não é possível visitá-la apenas com os olhos. É preciso que se mobilize o corpo na sua integralidade.
Se tivesse que resumir Maquinaria em uma frase eu diria: Veja com as mãos. Olhe com os cinco sentidos.
Nesta quinta-feira, dia 6, receberemos o crítico Ronaldo Entler, para uma conversa com Marcelo Masagão e o público, 19h, no Centro Universitário Maria Antonia.
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