Na revista seLecT, escrevi um ensaio sobre Andre Penteado para a seção Portfolio.

Falei sobre suas séries fotográficas Cabanagem e Missão Francesa, destacando como abordam processos de violência social do Brasil contemporâneo, da importação de modelos culturais e da forma como projetos são interrompidos e abandonados:

André Penteado é um artista que evoca rastros perdidos. Seu território são os lugares abandonados, as perdas emocionais, as interrupções inexplicáveis. Formado em administração pública pela Fundação Getulio Vargas em 1989, estudou Ciências Sociais na USP, não terminou o curso e decidiu dedicar-se à fotografia em 1993. Atuou durante muitos anos apenas comercialmente. Os primeiros trabalhos artísticos coincidiram com a dor pela morte do pai. São eles os premiados O Suicídio de Meu Pai (2007-2011), série de fotos que registram do funeral a autorretratos com a roupa do pai, e Não Estou Sozinho (2009-2013), composto de retratos de participantes de grupos de apoio a pessoas que perderam familiares ou amigos por suicídio, entre outras coisas.

Penteado viveu em Londres de 2005 a 2012. Ao retornar, foi mobilizado pelas manifestações de junho de 2013. Envolveu-se em um longo processo de pesquisa que sistematizou como Rastros, Traços e Vestígios. No seu espectro propõe fazer uma reflexão sobre o Brasil de hoje por meio de uma investigação fotográfica sobre momentos da nossa história, anteriores à invenção da fotografia ou em locais onde a fotografia ainda não havia chegado, quando os fatos ocorreram. “Isso me permite não entrar em diálogo com uma iconografia de época. Acredito que a fotografia tem potência para discutir a história porque pode construir narrativas, sejam elas visuais ou historiográficas.” O primeiro fruto dessa investigação foi o livro Cabanagem (2015), seguido de Missão Francesa (2017). Ambos foram realizados com leis de incentivo. Na sequência virão Farroupilha, no qual está trabalhando, e Descobrimento e Independência.

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