Visitei a exposição do fotógrafo Cristiano Mascaro no Sesc Pinheiros, “O que os olhos alcançam”, e é simplesmente imperdível. São fotos e mais fotos de encher os olhos, a alma e a mente, de um dos artistas mais rigorosos que temos.

Em uma montagem absurdamente elegante, que faz jus à curadoria do mestre Rubens Fernades Jr. e um produção impecável da Ana Helena Curti, a exposição aborda os 50 anos de atividade de Cristiano Mascaro, mas não possui caráter retrospectivo.

Ela percorre os diferentes eixos temáticos do trabalho de Mascaro e com diferentes tipos de câmera. Há uma seção dedicada apenas a retratos, outra a casas e interiores, e outra para fotos feitas com o celular. Há também um módulo especialmente dedicado às fotos das obras de Richard Serra, um dos maiores nomes da arte contemporânea, que elegeu Mascaro como seu fotógrafo favorito.

As imagens surpreendem, não só pelo rigor técnico e estético, mas porque Cristiano Mascaro nos permite descobrir “o extraordinário no cotidiano”, como diz o curador, e a geometria das paisagens.

No texto curatorial, Rubens Fernandes Jr. destaca que foi como estudante da FAU-USP, que Mascaro se encantou com Henri Cartier-Bresson, Robert Frank e as páginas da revista Life na Biblioteca da FAU USP, para onde corria fugindo das aulas mais técnicas.

Foi na FAU que Mascaro se formou e criou muitas oportunidades para se deslocar e fotografar, documentar as edificações de grandes arquitetos e construções anônimas, retratar e dar visibilidade ao cidadão anônimo, particularizar detalhes e criar vistas panorâmicas.

Além de ter se formado na USP, Mascaro coordenou o Laboratório de Recursos Audiovisuais da FAU entre 1974 e 1988. Hoje esse laboratório é a Seção Técnica de Audiovisual da faculdade desempenha uma importante função didática e dispõe de um acervo on-line de produções realizadas por alunos, professores e técnicos especializados da FAU. Entre as pérolas do acervo, por exemplo, é possível encontrar o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, apresentando o projeto do Mube em 1988.

Lembrar essa relação do fotógrafo com a sua formação na USP é muito importante no quadro atual em que vivemos, de ataques sistemáticos à universidade pública. É impossível ver essa exposição e não pensar que nós, universidades públicas, somos muito mais que um conjunto de escolas de excelência, Somos o lugar de construção de mundos…

E não deixem de visitar essa exposição mais que linda. Uma aula de técnica, rigor, pesquisa e da necessidade que ainda temos de fotografia. Fica em cartaz no Sesc Pinheiros até o dia 23. Corram!

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