A Bauhaus, a escola mais influente de design de todos os tempos, faz 100 anos em 2019, mas as comemorações já começaram com o lançamento de um pacote de tipografias, produzidas na lendária escola, pela empresa Adobe. No Brasil, Tipografias Paulistanas e Grafias de Junho, de Priscila Farias e Roberto Andrés, mostram que o campo da memória gráfica se consolida e vai muito bem, obrigada!
A Bauhaus, a escola mais influente de design de todos os tempos, faz 100 anos em 2019, mas as comemorações já começaram. Prova disso é o lançamento de um pacote de tipografias, produzidas na lendária escola, pela empresa Adobe.
Resultado de um projeto liderado pelo designer tipográfico, Erik Spiekermann, com um grupo de estudantes, tem como primeiro fruto, a liberação gratuita para uso na Internet, de duas famílias tipográficas: Joschmi e Xants.
A Joschmi é uma família tipográfica feita a partir de um projeto incompleto do designer Joost Schmidt, autor do cartaz da primeira exposição da Bauhaus realizada em 1923 em Weimar (no destaque). Schmidt foi o professor de caligrafia da Bauhaus e não é exagero afirmar que foi o responsável pelo que hoje identificamos como o estilo gráfico da Bauhaus. Aquele inconfundível toque geométrico e condensado que é impossível não relacionar com a escola.
Já a Xants é baseada numa criação de um dos mais multimidáticos artistas que passou pela Bauhaus, Xanti Schawinsky. Sua extensa obra cobre de pintura ao desenho, fotografia experimental, cenografia, jazz, expografia e teatro expandindo. Como designer gráfico, basta citar aqui, a tipografia original da Cinzano, do café Illy e da Olivetti. Esses tesouros gráficos, foram criados na Itália, onde ele, que era judeu, trabalhou ao fugir da Alemanha nazista, quando a escola foi fechada em 1933, também por ordem do regime nazista, que considerava seu estilo “anti-germânico”.
(É realmente incalculável a dimensão do estrago feito pelo nazismo à humanidade e isso redobra a importância desse projeto de recuperação tipográfica que a Adobe está realizando.)
No Brasil
No Brasil, com base em dois projetos que recentemente foram disponibilizados na Internet, posso dizer que a pesquisa nessa área começa a se consolidar e vai muito bem, obrigada!
Falo aqui de Tipografia Paulistana, um projeto coordenado pela Professora do Curso de Design da FAUUSP, Priscila Farias, que com uma equipe, da qual fazem parte também outros professores da FAU, como a Daniela Kutschat Hanns e o Leandro Velloso criou um verdadeiro acervo digital, disponibilizando imagens dos tipos utilizados nas oficinas da cidade de São Paulo entre 1827 e 1927, informações sobre fornecedores, endereços de impressores e fornecedores e, ainda, dados sobre as pessoas que trabalharam nessas empresas. É sensacional.
O outro projeto é o Grafias de Junho, do arquiteto Roberto Andrés, uma pesquisa em processo e aberta à colaboração. O projeto, que faz parte da pesquisa de doutorado do Roberto, com orientação do professor Guilherme Wisnik, na FAU, busca reconstituir a memória das manifestações de junho de 2013, a partir das mensagens levadas às ruas em cartazes, faixas, bandeiras, pixações e outras grafias. Você pode colaborar enviando imagens e também apoiar o desenvolvimento do site via plataforma de financiamento coletivo Catarse. É possível consultar o material por cidade, tema (copa, mobilidade e sáude, por exemplo), por tipo de material (faixa, cartaz, pichação) e também por data.
Para completar, não dá para esquecer que está acontecendo a 8a Bienal de Tipografia Latino-americana, com exposições e atividades em várias cidades, inclusive em São Paulo, no Museu da Casa Brasileira.
Transcrição da coluna Ouvir Imagens, de Giselle Beiguelman, veiculada toda segunda-feira, às 8:00, pela Rádio USP (93,7).
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