Exposição sobre Sergio Rodrigues no Itaú Cultural mostra o design no seu processo de criação e desenvolvimento, como obra de pensamento e não apenas como resultado

Visitei a exposição Sergio Estar Rodrigues no Itaú Cultural e recomendo. Como o nome da mostra indica, é inteiramente dedicada ao arquiteto e designer Sergio Rodrigues, famoso pela criação da Poltrona Mole (no destaque, acima), e autor de centenas de outros projetos não só de móveis, mas também trabalhos de arquitetura.

Com curadoria Daniela Thomas, Mari Stockler, Felipe Tassara e Fernando Mendes, a mostra ocupa três andares e reúne mais de 500 peças, entre fotos, croquis, desenhos, protótipos, maquetes e móveis. Tudo isso pontuado por trechos de textos escritos pelo próprio Sergio Rodrigues, ou retirados de falas do designer em palestras e entrevistas.

No caso de uma exposição que tem um perfil também biográfico, isso aproxima muito o visitante e dá um sentido mais informal à organização. Por exemplo: são histórias da infância de Sergio Rodrigues, cujo tio tinha como hobby a marcenaria, que introduzem o público na sua relação com esse material tão marcante em toda a sua produção.

É importante frisar que a exposição enfatiza um ponto destacado em vários trabalhos da Professora da FAUUSP Maria Cecilia Loschiavo dos Santos, que é a forte relação da obra do Sergio Rodrigues com aspectos culturais brasileiros e suas matérias-primas.

Mas o que me parece ser o interessante nessa curadoria é outro ponto. É muito comum que mostras sobre design apresentem objetos, produtos e peças de mobiliário. Não tão recorrentemente são expostos os projetos e desenhos originais. Nessa exposição sobre o designer Sergio Rodrigues, além de conhecer os produtos e projetos, acessamos uma verdadeira genealogia dos móveis apresentados.

Assim, a Poltrona Mole, por exemplo, é revelada não só através de seu projeto e do resultado, mas a partir do sofá que está a seu ao lado e cuja estrutura antecipa algumas de suas características principais e também da poltrona que é posterior.

Isso mostra o design no seu processo de criação e desenvolvimento, como obra de pensamento e não apenas como resultado. Pela sua relação com a cadeia industrial, é muito difícil ao consumidor perceber esse sentido intelectual, os conceitos envolvidos, as histórias das escolhas dos materiais, as relações com o momento histórico em que as coisas são criadas.

E aviso aos navegantes:  quem quiser se aprofundar no tema, pode fazer o download no site do Instituto Sergio Rodrigues do livro Sergio Rodrigues, Fortuna Crítica, organizado pelo curador Afonso Luz.

De 9 de junho5 de agosto | terça a sexta 9h às 20h [permanência até as 20h30] |
sábado, domingo e feriado 11h às 20h
Itaú Cultural – Avenida Paulista 149 São Paulo SP
CEP: 01311 000 [Estação Brigadeiro do metrô]

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Foto: Casacor/ Divulgação.