Participei da X Semana de Computação do IME-USP, a convite da organização do evento, discutindo UX (User Experience) para “smart citizens”.

A apresentação partiu de uma questão central — é possível falar de UX sem falar de UI (User Interface) ?– e a proposta de desmontar alguns mitos em torno da ideia de “usuário” como uma entidade genérica.

O pressuposto foi compreender o Design não como forma final de um produto, mas como resultado de um processo de escolhas que são feitas em relação a um objetivo  e que tem como atributo essencial a capacidade de responder a uma situação.

Para pensar a UX como tudo aquilo que leva em conta o emocional, os aspectos culturais e sociais do usuário, que prefiro chamar de destinatário, é necessário reconhecer a variabilidade humana em toda a sua potência. Com isso em mente, assumem-se como nortes da criação três elementos fundamentais:

  • O contexto (o produto não é sobre você)
  • O humano (a interação com o homem é o mais importante)
  • A generosidade intelectual (o produto é para os outros)

Isso que dizer que “o” usuário não existe. Existem pessoas e seus contextos.

Desse ponto de vista, a compreensão da interface, para além da tela, é fundamental. Isso significa transcender a noção de interface como membrana que separa dois polos — o do emissor e o do receptor — para compreendê-la como a espuma das ondas quebrando na areia. Essa compreensão nos aproxima de uma visão sistêmica e multidirecional dos processos. Somos alterados pelo sistemas assim como nossa presença altera o ambiente.

Projetos como a da faixa de pedestre inteligente do Umbrellium (Starling — STigmergic Adaptive Responsive LearnING — Crossing), operam nessa direção. Com o foco no “smart citizen” e não a smart city em si, sua arquitetura pressupõe um conceito de UX Design que responde às demandas coletivas, adaptando-se aos contextos dinâmicos e não impondo a configuração do “usuário” aos seus pré-requisitos. Essa chave me parece a mais interessante para pensar UX em uma perspectiva voltada para a diversidade e não ao padrão.