Quatro mostras imperdíveis para fazer uma imersão em imagens

A aproximação da Bienal de S. Paulo é sempre acompanhada de um verdadeiro Tsunami de aberturas de mostras artísticas na cidade. Neste ano somos brindados com a possibilidade de fazer uma imersão nas artes das imagens, do Retrato à Realidade Virtual.

No Espaço Cultural Porto Seguro, com curadoria de Rodrigo Villela, está a exposição Bob Wolfenson: retratos, que reúne mais de 200 fotografias, dos anos 1970 até a atualidade, desse fotógrafo que, literalmente, revelou a face de uma incontável série de personalidades.

É praticamente impossível pensar no rosto do Caetano Veloso, por exemplo, e não ver “aquela” foto feita pelo Bob Wolfenson, em que o cantor e compositor aparece nos olhando, desafiadoramente, com um olho muito aberto, e a testa franzida. (No destaque deste post)

No Instituto Moreira Sales, mais retratos imperdíveis. Ali está Irving Penn: centenário, uma mostra organizada pelo Museu Metropolitan de Nova York. Apresenta as fabulosas fotos de moda de Irving Penn, que combinaram de forma única a fotografia comercial com a artística, com destaque para suas várias capas da revista Vogue, além de retratos, e ensaios feitos em viagens. Um repertório muito variado em que o único denominador comum é o rigor e a plasticidade do domínio da luz na fotografia em branco e preto.

Garota bebendo (Mary Jane Russell), Nova York, 1949. Foto de Irving Penn. Doação prometida ao The Metropolitan Museum of Art pela The Irving Penn Foundation © Condé Nast

Duas mostras em cartaz são bons exemplos de artistas que testam os limites das imagens reinventando tecnologias, das analógicas às digitais. Falo das exposições de Regina Silveira, no Mube e Arthur Omar, no Sesc Consolação.

Borders (2018), labirinto em Realidade Virtual, de Regina Silveira (Divulgação/Divulgação)

Regina Silveira, que é um capítulo em si da história da artemídia, apresenta a exposição Exit. Com curadoria de Cauê Alves, a mostra é um passeio pelas inúmeras áreas pelas quais a artista transita. Há gravuras, vídeo e uma instalação em Realidade Virtual que é uma síntese do multifacetado perfil dessa artista radical. Isso porque nela se conjugam a sua longa pesquisa sobre labirintos e seu confronto com as tecnologias de ponta.

Para finalizar, não dá para deixar de conferir a exposição A Origem do Rosto de Arthur Omar no Sesc Consolação. Numa montagem primorosa, a exposição, que tem curadoria de Adolfo Montejo Navas, explora as fronteiras da percepção do que é invisível e visível, a partir de uma diversidade encantadora de procedimentos ao retratar o rosto.

Foto que integra a exposição A Origem do Rosto, de Arthur Omar, no Sesc Consolação

Indo do mais figurativo à abstração, como destacou a crítica Ivana Bentes em um texto sobre a exposição, Artur Omar faz rostos emergirem da explosão das águas e se ocultarem em camadas que superpõem a paisagem às faces, como na série Limbo, produzida a partir de um conjunto de imagens feitas pelo artista no Afeganistão.

A mostra é também uma oportunidade para revisitar a sua antológica série, Antropologia da Face Gloriosa, iniciada em 1973, que é um registro ímpar do êxtase do carnaval, e à qual ele já voltou, trabalhando com vários métodos, analógicos e digitais, várias vezes. Afinal, como diz o artista: “o rosto é uma obra em aberto”.

Transcrição da coluna Ouvir Imagens, de Giselle Beiguelman, veiculada toda segunda-feira, às 8:00, pela Rádio USP (93,7).

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