Category

audiovisual


Date Added

abril 24, 2017


Project brief & details

Os espaços são anódinos, salas e cubículos com paredes nuas, estantes vazias e mesas de fórmica. As webcams, posicionadas sem preocupação com enquadramento ou iluminação, revelam mochilas largadas nos cantos, garrafas de café, cadeiras vazias e fundos de Eucatex. As imagens são desfocadas, em ângulos oblíquos, deformando os rostos delatantes. Personagens se explicam acompanhados de advogados entediados. Oscilam entre a arrogância e a naturalidade, como se a confissão fosse em si uma redenção.

(…)

Talvez seja a crueza primária dessas imagens, anterior a qualquer linguagem visual, a qualquer intenção estética, o que mais contribua para revelar o seu sentido último: o absoluto desprezo por considerações éticas e sociais das delações. Na sua falta de acabamento, são o retrato mais nítido do que impunidade quer dizer. Não é preciso ouvir os depoimentos. Essas imagens descartáveis nos mostram o estado mais brutal da cultura da vigilância: a estética da delação premiada e as imagens dos bastidores do poder que até agora não podíamos ver.

Vídeo feito com as imagens das gravações da Polícia Federal das delações premiadas, durante a Operação Lava Jato.

Giselle Beiguelman e Nelson Brissac Peixoto

Leia o ensaio completo na Revista Zum

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